A Mulher na Sociedade Celta

01/03/2009 04:10

    Na antiga sociedade celta, o feminino tinha uma posição central. As mulheres eram vistas como o aspecto vivo da criação. Seus ciclos, para a cosmogonia céltica estavam ligados ao universo e as suas energias, estando conectados de forma simbólica e prática, de acordo com o ciclo menstrual, ao processo da vida, morte e renascimento dos seres vivos.
    “Dergflaith” era um dos nomes célticos para a menstruação e significava “soberania vermelha”. Para a sociedade celta  -  e também para nossa moderna sociedade contemporânea - a cor vermelha era associada ao fogo, ao calor do corpo físico, à vida, ao poder. Provavelmente este é um dos motivos por vários imperadores na Idade Média usarem mantos nesta cor.
    A menstruação era considerada um período santo e sagrado, porque acreditava-se que pelo sangramento a mulher se tornava totalmente ancorada, enraizada, conectada a própria força ciradora da terra e da fertilidade. Nestes períodos se dirigiam à floresta ou uma fonte sagrada e se recolhiam numa cabana onde compartilhavam seus pensamentos e refletiam sobre os problemas da tribo.
    Para os celtas, as mulheres tinham o poder mágico, encarnavam a Deusa e assim representavam para o homem, a soberania, mesmo durante a época em que grande parte das civilizações já eram patriarcais, as mulheres celtas participavam da política, assumindo papéis na vida social. Elas dominavam a religião, podiam guerrear e escolhiam o seu parceiro.
    Quando se casavam, traziam para o casamento todos os seus bens e se caso eles fossem superiores aos do marido, ela tornava-se chefe do casal. Para os celtas o casamento não era eterno, era um contrato que poderia ser rompido, na época, já existia o divórcio.
    Nos mitos celtas o amor surge sempre como o destino do homem. Todo guerreiro procurava pelo amor. A pessoa escolhida inspirava um sentimento pessoal e muito especial o que não impedia que vivesse outras ligações. O casamento celta não implicava em fidelidade. Privilegiava-se o amor. Não existia o conceito de união eterna e fidelidade. Não havia a idéia de traição. O adultério não existia, o que propiciava a existência de ligações temporárias.
    Este tipo de organização semi-patriarcal dos celtas sobreviveu durante muitos séculos. Mesmo quando o Cristianismo foi adotado, a mulher celta continuou atuando ao lado do homem em todos os segmentos da sociedade sempre exercendo um papel social importante e que marcou profundamente a história deste povo que vem sendo resgatada por estudiosos e pesquisadores. E mais recentemente pode-se dizer, que a mulher contemporânea está retomando o rumo que tinha nos tempos celtas.

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