Homem Vitruviano e a Divina Proporção

13/07/2010 16:32

 

    Por Ana Elizabeth

    Leonardo da Vinci se tornou amigo do frade Luca de Pacioli, ilustre matemático em Milão, quando viviam sob a proteção de Ludovico Sforza. De 1496 a 1499, ambos os gênios permaneceram naquela cidade, até a época da invasão dos franceses que obrigou a fuga do Duque.
Nessa época Pacioli  ensinou matemática  na corte e aprofundou antigos conhecimentos sobre As Divinas Proporções, que partilhou com Da Vinci. A obra prima do matemático, Suma de Arithmetic Geometria et Proportionalitá, surgiu em 1494, contendo os princípios básicos da álgebra e tábuas de multiplicação até 60 x 60, recurso muito útil na época. Consta que as figuras geométricas que ilustravam a obra foram elaboradas por Leonardo. Nesse trabalho  Pacioli explorou as propriedades da “Divina Proporção”, um conhecimento da antiguidade, e a sua importância na arte, arquitetura e matemática.
A “Divina Proporção”, também chamada “Razão Áurea” e “Número de Ouro”, é a mais agradável proporção entre duas medidas, uma constante real algébrica irracional, presente na Natureza, no Corpo Humano e no Universo.
Conhecido como número Phi (fi), com valor 1,618, está presente no mundo por uma razão matemática existente na natureza e é encontrado  por exemplo na proporção das abelhas fêmeas em comparação com os machos; na proporção que aumenta o tamanho das espirais de um caracol; na proporção em que aumenta o diâmetro das espirais sementes de um caracol, etc.
Da Vinci como amante da ciência e do estudo do corpo humano teria associado o antigo conhecimento ministrado pelo frade Picoli ao corpo humano, descobrindo através de experimentações a sua “Divina Proporção” (a altura de um corpo dividida por sua medida até o umbigo; altura do crânio pela medida da mandíbula até a cabeça; tamanho da perna inteira dividida pela altura do joelho até o chão, etc).
Acredita-se também que Leonardo tenha se aprofundado no tema com os estudos de Marco Vitruvio Polião, antigo arquiteto romano do século 1 a. C., que em sua obra  Os dez livros de Arquitetura,  apresentou entre outras coisas o conceito da divina proporção do corpo humano. A obra d Vitrúvio foi copiada durante a Idade Média, época em que os originais se perdiam. Ainda durante o Renascimento uma série de estudiosos e pesquisadores passaram a analisar e interpretar seu estudo, sendo o mais famoso o de Leonardo da Vinci, O Homem Vitruviano.
Consta que Vitrúvio, em sua época teria tentado encaixar as proporções do corpo humano dentro da figura de um quadrado e de um círculo, mas suas tentativas foram infelizes.  Foi apenas com Leonardo que o encaixe se sucedeu de forma perfeita. O seu desenho é também considerado como simetria básica do ser humano e, para extensão, para o universo como um todo. Fato interessante é observar que a área total do círculo é igual a do quadrado, sendo que esse desenho pode ser considerado um algoritmo matemático para calcular o valor do número irracional Phi (1,618).
No Homem Vitruviano, Leonardo da Vinci retratou a sua concepção da perfeição humana, associando-a ao centro do Universo. Adequou as proporções do homem, como microcosmo, às das formas mais perfeitas do macrocosmo universal, dentro da doutrina platônica.
Toda a carga de conhecimento obtida através da convivência com o gênio Pacioli e estudos de outras obras, como as de Vitrúvio, associados as suas pesquisas pessoais sobre a natureza e o corpo humano, levaram Leonardo a incluir em suas obras esses conceitos. A “Divina proporção” pode ser encontrada, por exemplo, na A Última Ceia, Monalisa.  Consta que executou A Última Ceia na mesma época em que absorvia os conhecimentos de seu amigo Pacioli, e tal fato teria feito com que refizesse diversas vezes seus esboços.

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