Cuide-se - Tai Chi Chuan

30/08/2008 15:19
No Tai Chi nada termina e nada começa; é tudo uma continuidade.
 

Texto e Fotos: Wanise Martinez e Luciana Barrella

    O Tai Chi Chuan é uma arte que surgiu há cerca de três mil anos, na China. Composto pelas palavras tai (grande), chi (energia) e chuan (universo), Tai Chi Chuan significa “trabalhar a grande energia do universo”. Como suas posturas são baseadas em movimentos da natureza, essa prática lembra uma harmoniosa e interessante coreografia.
    Praticante dessa arte desde 1983 – quando ainda trabalhava com computação, e era muito estressado, como ele mesmo diz – o instrutor José Douglas Lima conta que o Tai Chi favorece o equilíbrio orgânico, o emocional e o físico, além de desenvolver serenidade, passividade, consciência, atenção e concentração. É uma verdadeira técnica alternativa e preventiva. “A nossa vida é um eterno aprendizado, por isso devemos buscar sempre novas formas de aprendizado. Só que sem grandes pretensões, pois de que adianta ter muita coisa e não ser feliz? O Tai Chi mostra exatamente o contrário: como ficar satisfeito com a simplicidade”.
    Para o instrutor, o Tai Chi é uma arte de autodefesa, só que contra inimigos diários, como o trânsito, o trabalho, os problemas de saúde e a tranqüilidade mental. “Essa arte”, diz José Douglas, “auxilia na transformação pessoal de cada um; ela pode ajudar desde acabar com o estresse até melhorar alguns problemas de saúde, como dores na coluna”. Por sinal, recentemente, o Tai Chi começou a ser utilizado em esportes de ponta como vôlei e tênis, para facilitar a concentração dos atletas.
    Segundo Douglas, a arte do Tai Chi pode auxiliar a pessoa a encontrar seu próprio caminho, a descobrir qual é a sua verdadeira identidade. “O Tai Chi é um bálsamo. Ele mexe com o interior a partir do exterior, ou seja, prepara as pessoas para encarar os acontecimentos, e os ensinamentos, que a vida propõe. Afinal, ainda que tenhamos um mestre, somos nós mesmos que teremos de seguir o caminho”.
    Ele explica ainda que existem muitos instrutores dessa prática, e que a maioria é bem dedicada, mas é muito importante que a pessoa escolha um com quem tenha afinidade e simpatia. Segundo Douglas, logo de início o praticante já consegue perceber se pode se dar bem com o instrutor escolhido, ou não.
    Especializado em Tai Chi Chuan, Chi Kung e meditação, José Douglas conta que qualquer pessoa pode praticar o Tai Chi, pois não existe contra-indicação. No entanto, é necessário que o praticante utilize roupas mais largas, de preferência camiseta e calça de moletom ou tactel, que poderão facilitar os movimentos, além de um tênis de sola reta (estilo Keds) ou sapatilha.
    Os exercícios podem ser feitos em qualquer lugar, desde que a pessoa se sinta à vontade. “No entanto, vale lembrar”, diz o instrutor, “que os benefícios do Tai Chi Chuan são muitos, porém só surgirão por completo depois de anos de prática”.
    A seguir, ele ensina para os leitores da Sexto Sentido alguns passos simples dessa prática milenar.

Veja as fotos na Seção Multimídia do Site, ou clique aqui

Primeiro Passo (fotos 1 e 2)
    É importante começar o dia com a seguinte fórmula: ao acordar, deve-se respirar profundamente, sentir e elevar o pensamento e, então, agradecer por mais um dia. Segundo o instrutor, cada segundo de nossas vidas pode ser o último, por isso é necessário que aprendamos a encontrar uma centelha de luz.
    Para isso, tente ficar no máximo 3 minutos sem fazer nada. Nem cruze os braços. Esse movimento é chamado de “o grande vazio” (Wu Wei). Por isso, é importante, nesse momento, procurar visualizar todo o peso do corpo superior descendo para o inferior, ou seja, trazer o que é leve para cima e deixar para baixo o pesado, sentindo a funcionalidade da sola dos pés. Esse movimento ativa a circulação dos rins e dos membros inferiores.
    Em seguida, vire da direita para a esquerda, de modo a fortalecer a musculatura (“movimento do elefante”). Isso vai ajudar a encontrar o equilíbrio. Logo depois, olhe para frente, recolha o queixo e deixe a cabeça alinhada. Então, comece a inspirar profundamente, inflando o abdome, o tórax e a traquéia. Enquanto você infla os pulmões, está massageando os órgãos internos e evitando a ansiedade. Para o chinês, se você respira profundamente, vive mais e melhor.

Postura de abraçar a árvore (3 e 4)
    Relaxe o corpo, deixe os pés em paralelo e, em seguida, faça bem devagar o movimento de abraçar uma árvore, com os braços em torno dela. Vá soltando os braços lentamente até que as mãos cheguem ao umbigo, o tantien, que é considerado um reservatório de energia.
    A mulher deve colocar a mão direita em cima do umbigo, e depois a outra; enquanto o homem deve colocar a mão esquerda primeiro sobre o umbigo. Esse movimento faz com que a energia do universo (da postura) una-se à energia que a pessoa tem dentro dela mesma.

Para os iniciantes
    Logo depois da postura de abraçar a árvore, o praticante pode dar início a uma seqüência de exercícios que no Tai Chi são chamados de “formas”. Elas podem ser curtas, médias ou longas. A que apresentamos aqui é uma seqüência curta e de fácil aplicação. É só seguir os movimentos das fotos. E, logo abaixo, estão os benefícios que cada uma delas oferece ao corpo.

Abertura parcial

Foto 5
Proporciona a busca pelo equilíbrio, pois faz a conexão entre o topo da cabeça e a nuca, coluna, cóccix e centro dos pés. Movimento de contemplar os elementares da natureza

Foto 6
Você visualiza o cheio e o vazio por meio do nascer e do anoitecer. Trabalha a articulação dos dedos, ombros, cotovelos e punhos, alongando os dedos e fortalecendo os tendões.

Acariciar a cauda do grande pássaro

Foto 7
Fortalece a estrutura das costas, dorsal e lombar, ajudando o quadril e expandindo a região do baixo-ventre. Propicia também o despertar da atenção e da concentração.

Chicote simples

Foto 8 e 9
Desenvolve a força da nuca, do pescoço e dos braços. Equilibra a conexão do topo da cabeça com o cóccix e fortalece o sistema nervoso.

Plantar a flor de lótus

Foto 10
Fortalece o sistema cardiovascular, trabalhando a região dorsal e estimulando o equilíbrio e a força da perna direita.

A garça branca estende a asa


Foto 12, 13 e 14
Amplia o intervalo entre as vértebras, fortalecendo a musculatura do quadril e do baixo-ventre. Também estimula o sistema nervoso.

Acariciar as nuvens

Foto 15, 16 e 17
Melhora o equilíbrio, desperta a consciência por meio do giro da cintura e auxilia na coordenação dos membros superiores e inferiores.

Patada do cavalo

Foto 18 e 19
Proporciona amplitude das articulações dos ombros, braços e punhos, fortalecendo os quadris e aumentando a força dos pulmões e do sistema respiratório e vascular.

Projetar o corpo socando à frente

Foto 20, 21, 22, 23 e 24
Fortalece o sistema cardiovascular, melhorando os membros inferiores e superiores, além do sistema respiratório.


Fechamento aparente da forma

Foto 25,26,27,28 e 29
Conecta toda a energia dos movimentos dessa seqüência numa introspecção que leva o praticante a despertar a consciência e o equilíbrio.

Contato
José Douglas Lima
Tel. 9362-5150 (Cel.)
Ministra aulas gratuitas todos os domingos no Museu do Ipiranga (SP), sempre em frente ao Jardim Francês. O horário é das 8 às 9h.

 

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