NUMEROLOGIA: previsão ou livre arbítrio?

24/09/2010 15:32

Uma questão que muitas vezes surge em relação à Numerologia é se
ela é um oráculo e faz previsões, e se a sua utilização não interfere em nosso livre arbítrio. 

A palavra “previsão” traz a noção de fatos inalteráveis regendo a nossa vida, dando-nos muito poucas possibilidades de ações alternativas. Ela pode nos trazer um sentimento de inevitabilidade, e por outro lado, o desejo de tudo conhecer para controlar o nosso futuro.
 
No outro polo, a palavra “liberdade” sugere que somos inteiramente independentes e capazes de tudo, como se não fossemos seres regidos por múltiplos ciclos biológicos, emocionais e mentais; e ainda mais, participantes de um meio social e cultural, que nos afeta e por nós é afetado.

A Numerologia traz uma visão alternativa às duas anteriores, integrando-as: existem pré-disposições em termos de características pessoais e do tipo de experiência vivida a cada ano a partir dos nossos ciclos? Sim! Mas COMO e EM QUE NÍVEL isso vai acontecer, depende de nós.

Podemos simplesmente atuar inconscientemente, no “piloto automático”, como fazemos grande parte das coisas na maior parte do  tempo: comemos rapidamente sem perceber bem o gosto da comida; andamos sem prestar atenção ao ambiente que nos cerca e ao próprio andar, imersos que estamos em nossos pensamentos; atropelamos a fala do outro sem tê-lo ouvido por completo, porque já “imaginamos”o que ele vai dizer ( e, é claro, ao ouvi-lo falar, já dividíamos a nossa atenção ao ficar pensando o que iríamos responder em seguida ).

Agimos de maneira condicionada sobre padrões que estruturamos a partir das nossas experiências passadas. Desde a nossa infância, criamos mecanismos físicos, emocionais e mentais, que atuam instintivamente nas situações cotidianas, fazendo com que tenhamos reações muitas vezes previsíveis ( para os outros mais atentos; nós geralmente nem as percebemos com clareza ).

Ficamos presos à esta estrutura e caminhamos pela vida sem muita consciência dos nossos padrões limitadores e de nosso verdadeiro eu, que permanece sem muita possibilidade de expressão.

Quantas vezes repetimos as mesmas atitudes automaticamente, como ao nos magoar ou enfurecer novamente em situações semelhantes, ou nos apaixonar pelo mesmo tipo de pessoa, que, já sabemos, não nos faz bem...e aí dizemos “ih, aconteceu de novo”?!

Nesse nível, reagimos instintivamente aos ciclos também, e podemos realmente sentir que “a vida nos afeta” de fora para dentro, pois não temos muita consciência dos nossos processos internos e de nossas possibilidades maiores. 

Mas, por outro lado, quanto mais conscientes nos tornamos, menos nos sentimos “joguetes” de um destino que tudo determina. Quando começamos a perceber como somos, e como funcionamos nas mais variadas situações, deixamos de nos identificar tão completamente com a “visão aprendida” e nossos condicionamentos, e  percebemos que a relação com a vida é uma parceria de “mão dupla”.

Criamos e somos criados pelo nosso mapa. Temos tendências inatas, mas podemos trabalhá-las em vários níveis. O mesmo 2 pode ser vivido como sensibilidade extremada e frágil ou  capacidade de perceber o outro com profundidade. Podemos nos isolar do mundo num ciclo 9, remoendo os nossos ressentimentos, ou podemos aproveitá-lo para   reavaliar a nossa vida, fazendo novas escolhas. Podemos lidar com uma situação de transformação profunda, como num momento 13, de maneira emocional e dramática ou como uma experiência libertadora.

Descobrimos muitas outras facetas em nosso ser e no nosso mapa, e nos tornamos capazes de explorar melhor os momentos e buscar novas direções.

E um novo sentido se instala, nos fazendo perceber conexões antes invisíveis aos nossos olhos. Aprendemos as “ler os sinais” que a vida nos traz e a seguir suas indicações, ao fazer nossas escolhas.  Extraímos a lição das situações mais difíceis, evitando que elas tenham que se repetir, repetir, repetir, até que aprendamos a tomar consciência.

A partir dessa consciência, re-descobrimos a nossa individualidade única e, ao mesmo tempo, a nossa relação com o universo, como seres cósmicos que somos. 

Nos permitimos sair do “filme conhecido” para explorar novos roteiros. Descobrimos que somos o ator, e não apenas o personagem. E que somos capazes de transformar a nossa vida. 

A Numerologia deixa de ser vista, aqui como simples previsão, e passa a ser uma indicadora de possibilidades, um verdadeiro mapa de descobrimento e ajuda em nossa viagem através da vida.

Até que uma transformação ainda mais profunda ocorra em nossa consciência, e aí, não estejamos mais identificados com esse “eu” que conhecemos e com os seus ciclos. Mas isso já é uma outra história...

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