O Templo Zulai - Uma História Iluminada

30/08/2008 16:48

Em entrevista com a Mestra Miao Shang, ela nos conta um pouco da história do Templo Zu Lai, do Budismo e de que maneira ambos podem acrescentar algo a mais em nossas vidas.

Veja em nossa seção multímidia fotos exclusivas do Templo Zulai ou Clique Aqui

Revista Sexto Sentido: Conte-nos um pouco a história do Templo Zu Lai.
    O Templo Zu Lai, na verdade, é a filial de um templo maior da nossa ordem monástica, que é do templo de Fo Guang Shan em Taiwan, construído pelo Mestre Hsing Yün. Ele começou pensando que os ensinamentos do Buda não poderiam ficar restritos a um único povo, uma única área, uma única região. Então, ele deixou o seu cargo de abade para seu sucessor e foi levar seus ensinamentos.

SS: Qual a função do abade?

    É o chefe-mor de uma ordem monástica.

SS: Sua função seria semelhante ao do Papa no Catolicismo?
    Sim para a nossa ordem. Depende da ordem. O Catolicismo é mais unido, pois, apesar de haverem várias organizações, elas respondem ao Papa.     O Budismo é um pouco mais disperso devido às suas condições históricas, como a sua história foi acontecendo. Então para cada escola, para cada tradição, tem um monastério e este tem um abade.
    E em 1992 [o Mestre Hsing Yün] chegou aqui no Brasil a convite de outro templo de São Paulo para uma cerimônia. Até então ele não tinha nenhuma ambição.
    E conversando com os discípulos, que, na época, não eram discípulos nossos, mas praticantes budistas aqui em São Paulo, os primeiros imigrantes chineses aqui no Brasil. Um discípulo perguntou ao mestre se ele não poderia deixar algum monge, pois seria essencial ter um aqui no Brasil para dar continuidade aos ensinamentos. Ai, o mestre perguntou a sua comitiva quem gostaria de ficar e ninguém se manifestou. O mestre, muito graciosamente, se dispôs a ficar, o que assustou as pessoas da comitiva. Um dos monges levantou a mão dizendo que ficaria. E ela foi a pessoa que iniciou todos os projetos e depois, carinhosamente, ganhou o nome de Mestra Sinceridade.

SS: Qual o nome dela?
    Chueh Cheng. O discípulo que pediu ao Mestre que deixasse um monje aqui no Brasil, acabou doando uma casa num sítio para começarem os trabalhos. Chamamos de bem-feitores pessoas que nos ajudam, como este discípulo que doou a casa aqui em cima. Não muito pequena, tornou-se um espaço para as cerimônias, cultos, ritos e ali começou o Templo Zu Lai. Passaram-se 3, 4 anos e o número de pessoas aumentou, passando de cem. Aumentou-se a casa, mas mesmo assim não estava dando conta. E a saída era construir um templo maior. O projeto que vocês estão vendo deste espaço, começou há muito tempo. E foi muito difícil porque os arquitetos brasileiros não conheciam o que era construir um templo. Essas telhas, a arquitetura para eles era tudo novo. Tinham arquitetos chineses e japoneses no Brasil, mas que nunca tinha construído um templo.
    A Mestra Sinceridade organizou uma equipe que viajou à China para conhecer templos. Porque o auge do Budismo na China foi na Dinastia Tang. Então, pensamos em copiar templos da Dinastia Tang.
    Depois de muitas reuniões, a “pedra fundamental” foi lançada em 1999. Mas as obras não começaram, pois os recursos não estavam dando conta. As telhas e o parapeito tiveram que ser importados da China, pois não encontramos na época alguém no Brasil que fizesse este tipo de trabalho. Até que, aos poucos foram fazendo o templo que mudou de lugar na área que temos assim como a planta que teve de ser mudada muitas vezes.
    Então, em outubro de 2003 inaugura o Templo Zu Lai e isso vai fazer cinco anos. Agora é a manutenção.

SS: A Mestra Sinceridade era abadessa?
    Sim, ela era abadessa do Templo Zu Lai e em 2006, o cargo passou para outra mestra, a Mestra Miao Duo, que significa abundância. Cada um dos nossos nomes tem um significado.
   

SS: O que significa Zu Lai?
    O Zu Lai é um termo em chinês, do sânscrito que é tathagatha, que é um dos epítetos do Buda, ou seja, o nome do iluminado. Para a palavra iluminado, existem várias formas de denominá-lo. Então, uns chamam de Buda, outros de tathagatha, outros de iluminado, de mestre. Várias formas de chamar uma pessoa iluminada. Esse tathagatha foi traduzido para o chinês pelo seu significado e dele para o português, ficando Zu Lai.

SS: Fora o de Cotia, existem outros templos Zu Lai?
    A gente tem outras filiais do Zu Lai. Uma em São Paulo, chamado Centro de Meditação. Existe um pouco de diferença de níveis de como será chamado o monastério. A matriz é chamada de monastério por ser enorme, grande, seria o primeiro nível pelo espaço. Ai depois vêm os templos, depois os centros de meditação e outro menores que nem sempre funcionam.

SS: E o principal no Brasil é este?
Sim.

SS: Mas o Zu Lai é considerado um templo ou monastério?
      Templo. Temos um espaço em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Olinda e além desses três, o Templo Zu Lai cuida de outro templo em Assunção, no Paraguai. Esses quatro estão sob coordenação do Templo Zu Lai. Então, quando há algum evento, atividade, a organização parte daqui. Cada um desses lugares têm discípulos e é combinado com eles, uma reunião mensal, uma cerimônia.

SS: A senhora é mestra? Como funciona a hierarquia?
    Sim. Aqui os monges ordenados são mestres e são todos iguais. Uma monja foi eleita por nós para representar o templo, uma abadessa, que administrativamente ela coordena todos os trabalhos do Templo. Ninguém é mais do que ninguém, cada um exerce seus cargos aqui dentro.

SS: E vocês, são interinos?
    Não existe mestre que não seja interino. Uma vez ordenado você tem a vida dedicada ao ensinamento, para o Darma, que são os ensinamentos do Buda. Hoje temos 5 mestres que cuidam de tudo, com a abadessa. E contamos com a ajuda dos discípulos.

SS: Eles vêm pra cá? Moram aqui também?
    Não, os discípulos são leigos, eles têm a sua família, um lar. Eles vêm aqui para participar de cerimônias, para nos ajudar em algum evento quando eles têm tempo. Eles têm seus trabalhos e estudos e normalmente freqüentam o templo aos finais de semana.

SS: E as vestimentas? Este tipo de vestimenta que você está é dos mestres?
    É uma roupa de monge. Mesmo antes de ser ordenado, com voto de querer ser monge, ele recebe este manto. Depois disso, quando tiver a oportunidade, ele passa pelo processo de ordenação, outro período, mais longo, quando recebe os preceitos.´

SS: Conte para nós como funciona a Universidade?
    Nós temos esta Universidade desde 2004, que chamamos de Estudos Avançados de Budismo. Desejamos que as pessoas que a procuram primeiro tenham interesse pelo Budismo. Tem que ser um interesse não somente pela teoria, porque o aprendizado do Budismo é teoria e prática. Então, o sistema é de internato, os alunos ficam aqui todo o tempo, com permissões para sair. Mas nós gostaríamos que eles se desvinculassem do mundo lá fora. É um período de dois anos em que eles recebem uma formação, com aprendizado um pouco mais aprofundado dos ensinamentos do Buda.
    O mais importante é a identificação desses jovens com o que o Templo Zu Lai realiza e com o que o Fo Guang Chan, com o que o fundador, Venerável Mestre Hsing Yün espera que nós podemos fazer pelos ensinamentos, pelo Budismo.

SS: O que a pessoa deve fazer para entrar?
    A gente tem um processo seletivo de três etapas. É obvio que a pessoa não tem que estudar física, mas tem que estar emocionalmente sadia. Primeiro há uma entrevista na qual gostaríamos de ouvir da pessoa se ela realmente está procurando querer aprofundar-se no Budismo, ou está procurando um lugar calmo, bonito para passar dois anos de graça. Segundo, passa por um treinamento de vida monástica. São cinco dias em que os candidatos convivem conosco, tal como nós vivemos aqui nesse monastério. Vamos cutucar a pessoa para ver se ela mesmo se dispõe a viver uma vida como esta por dois anos. Pois aqui é um templo grande, com muitas atividades. Tem o terceiro processo, escrito, mas nada como vestibular, apenas para ver se a pessoa fala e escreve corretamente, de forma clara. E tentar saber se a turma está homogênea. Abrimos vinte vagas que nunca foram completadas.

SS: Depois que termina a Universidade, para onde vai o discípulo?
    Ele tem a opção. Devido ao nível de chinês suficiente, nós podemos mandá-lo para Taiwan. E lá ele continua seus estudos, porque aqui é uma filial. Temos aqui, esta Universidade, mas em Taiwan já tem uma há quarenta anos. Mandamos a pessoa para continuar, de dois a quatro anos, os estudos. Mas não há nenhum contrato que a pessoa tem que se dedicar no templo; ela pode ir embora.

SS: E a senhora?
    Eu sou brasileira, mas vivi muito tempo lá [na China] e sou descendente de chineses. Minha família é budista. Depois que eu retornei para o ocidente a coisa mudou um pouco. As escolas eram católicas e os amigos, cristãos. Acabei fazendo um percurso religioso em várias religiões. Eu me considero uma pessoa bastante espiritual, então quando eu encontro uma religião, devido ao ambiente que me é colocado, eu entro de cabeça.
    Em 1991, 1992, com 18, 19 anos, voltei a encontrar o budismo no Templo Zu Lai, quando era aquela casinha pequenininha. E pensei que isso que era da minha raiz, o que eu estava procurando, apesar das outras religiões que passei, que eu gostei, não rejeito nenhuma delas. Mas essa é a que resolve as minhas questões e foi um reencontro. De lá eu passei a freqüentar com a família, participar de eventos, ajudar. Eu não fiz a Universidade porque não existia na época e minha ordenação foi em Taiwan.

SS: Mas você foi para lá pra ser ordenada ou para estudar?
    Os dois. Fiz mestrado lá em Taiwan, sobre Estudos das Religiões.

SS: O monge ou a monja tem de mudar alguns hábitos...
    Eu acho que a pessoa não venha mudar depois. Com certeza ela vem tendo um comportamento similar. Por exemplo, uma pessoa que tem tendência a ser vegetariana, gosta pouco de carne, que não é muito vaidosa, vive uma vida simples, não se importa com maquiagens e jóias, mas o suficiente para se aquecer, roupas para trabalho escola, festa, que está acostumada com a simplicidade. Uma pessoa que já entende que a ação está em nossas próprias mãos e  que seja pró-ativa, que não é egocêntrica. Ela pensa pelos outros e age de uma forma empática. É uma pessoa que já tem todas as condições para se tornar um monge. Agora, se ela precisa passar por um estudo, por um templo, vivendo num monastério, isso até é secundário. Mas, tem gente que está há anos e anos para ser ordenado e na hora de se encontrar com o mestre, desiste.

SS: Tem limite de idade?
    Não deveria ter. O Buda e o Budismo nunca distinguiram que só homem ou só mulher podem, só jovem pode ou só velho podem. Na verdade, todas as idades, de acordo com a maturidade, que é uma coisa relativa, podem. Mas, a única coisa que a idade influenciaria é porque o monastério não é só um lugar para você ficar na leveza, na meditação. Aqui tem muito trabalho. Então você tem que ter fôlego para as atividades. Mas no monastério, uma vez que você é monge, o seu tempo é do templo. Então, uma pessoa de cinqüenta, sessenta anos, não agüentaria. Então, tornar-se monge, não é procurar por um asilo, por uma casa de repouso, um lugar que acolhe alcoólicos.
    Tem que ter muita ação. Não pense que a vida de um monge é fuga, reclusão na montanhas. Eu não fico confinada. Pelo contrário. Pelo menos os monges de hoje em dia tem que ter muita ação, porque se não os ensinamentos vão embora. Eu recebo os ensinamentos, mas ao mesmo tempo tenho que transmiti-los para quem quer que seja.

SS: Vocês fazem voto na hora da ordenação?
    A gente chama de preceitos, são vários preceitos que a gente tem que seguir como os votos do Catolicismo. O Budismo tem tudo isso e muito mais, eles esmiúçam o que o monge, durante a sua ordenação, na sua vida de monge deve estar ou não praticando. Então, o "não matar, não roubar, não ter conduta sexual imprópria, não mentir, não se intoxicar" são os principais.

SS: Vocês aceitam esses preceitos na hora da ordenação?
    Isso. É um ritual que, o mínimo que eu já vi dura 40 dias. Mas já vi de três meses também. Nesse período há uma aula intensa sobre cada um os preceitos. Então são 200 e pouco preceitos para homens e 300 e pouco para mulheres. Historicamente como eles aconteceram, por que a gente vai ter que obedecê-los, quais são as importâncias das obediências desses preceitos. Eles não estão aqui para proibir a gente a fazer alguma coisa. É para nos proteger, pois agora estamos numa condição de monge. [O aprendiz precisa] conhecer a tradição e ao final ele sai ordenado monge.

SS: Falando mais do Monastério, queria que você explicasse pra gente que diferenciação que o Templo Zu Lai tem dos outros tipos de budismo.
    Pois é, eu vou ter que falar um pouco de história do budismo. O Budismo começou na Índia há 2500 anos atrás com o príncipe Sidarta, insatisfeito com o mundo fora de seu palácio. Assim que ele começou a conhecer o sofrimento da doença, de que as pessoas iriam adoecer, ele percebe que doença, velhice e morte acontecem com todos. Achava este sofrimento profundo demais e queria encontrar uma solução. Como futuro governante achava que deveria ter a solução para este sofrimento e saiu a procura dele. Procurou nos primeiros 6 anos as práticas ascéticas, da auto flagelação. Mas nenhum resultado encontrou. Então meditou profundamente e encontrou as raízes do sofrimento, de onde elas vinham. Ele passou a ser chamado o Desperto, aquele que encontrou esta iluminação e começou a ser chamado de Buda.
    Enquanto o Buda estava vivo, todos seguiam o mesmo mestre, mas quando ele se foi, começaram a surgir algumas discordâncias. Aos poucos alguns aprendizes dos ensinamentos, juntamente com os discípulos começaram a ir para outras regiões das Índia e o budismo espalhou-se. Um grupo foi para o sul da Índia foram para o Siri Lanka, Myanmar, Tailândia, Vietnã, sudeste asiático. O outro foi para o norte, entrou no Tibet, atravessou a China, foi para o Japão, Coréia. Aquele que foi para o norte nós chamamos de budismo Mahayana e para o Sul, budismo Theravada. As vestimentas, alimentação, ensinamentos mudaram em cada região.
    A filha do imperador da China, na época, casou-se com o povo que se situava na região do Himalaia. Essa princesa era devota fidelíssima budista. Depois do casamento, ela fez muita coisa pelo povo do Himalia. Só que era um povo de muita superstição, já tinha sua própria crença. A região já tinha suas tradições e rituais e a princesa achava que isto estava causando muito sofrimento às pessoas e mostrou a elas que a saída é o budismo [de maneira] bem pacífica, nada de imposição. Este budismo ganhou uma nova cara, mesclou-se com as tradições existentes da região e assim surgiu o que hoje nós conhecemos como Budismo tibetano. Uma ramificação da Mahayana.
    A essência dos ensinamentos é a mesma. A gente fala de compaixão. O monastério de Fo Guang Shan pertence ao budismo Mahayana, que dá um foco mais relevante para o humano. Nosso mestre chamou a esta forma de propagar o budismo de Budismo Humanista. Porque, é como voltar às origens. Buda era humano, se iluminou como humano, difundiu esses ensinamentos para humanos. Então, por que não chamá-lo de Humanista? Não é um budismo que foge às montanhas.
    Então,a gente não pode fechar as portas do monastério, mas sim abri-las e sair. Esta forma de difusão de Budismo, o mestre chamou de humanista. É um Budismo diferente, que organiza festas, tem um canal de televisão na matriz [em Taiwan] e um jornal.

SS: O venerável mestre ainda vive?
    Sim, mas vem muito pouco ao Brasil, porque é muito longe e ele tem problemas de diabetes e está com a visão afetada.

SS: Agora falando do templo, qualquer pessoa pode vir visitar o templo? Tem  horários?
    Isso.

SS: Mas não tem restrição? Por exemplo, se eu quiser vir aqui com a minha família, eu venho passear, olhar. Ai se eu tiver alguma dúvida posso conversar com vocês...
    Isso, tem voluntários aos finais de semana a disposição para tirar dúvidas.

SS: Mas independente da crença qualquer pessoa é bem vinda no Templo Zu Lai?
    Com certeza, o budismo nunca fechou portas para ninguém. Nunca restringiu quem pode ou não pode. Na verdade, o budismo nunca obrigou ninguém a se converter. A gente fala muito que você pode ser amigo do budista, mas não necessariamente precisa se tornar budista, você pode ser católico, cristão. Ter a sua própria crença, porém achar que nas filosofias do budismo tem alguma coisa que condiz. Falar de compaixão, existe algum problema falar disso? É um dos princípios do budismo, assim como o da generosidade. Só os budistas praticam a generosidade? Não, todas as religiões falam de generosidade.


SS: O que o templo oferece? Durante a semana, é só para passear e os eventos são aos finais de semana?
    Na maioria das vezes, porque durante a semana não vem ninguém. Não adianta fazer nada, que não tem ninguém. A gente tem cursos que são oferecidos aos finais de semana. Nossas atividade concentram-se nos finais de semana.

SS: Quais são as principais atividades?
    Aos sábados nós temos os cursos culturais, de chinês, kung fu, tai chi chuan. São pagos.

SS: E os projetos sociais que vocês realizam, como a Blia?
    Blia não é um projeto social. É a união dos monges com os leigos que trabalham para as atividades do templo. Estes leigos são os discípulos, simpatizantes, praticantes ou não e são coordenados pelos monges. Nós comparamos a Blia e o templo como as asas e um pássaro. O pássaro com uma asa não voa. Então, é preciso ter a parte monástica, ou seja, os monges, seus mestres e os discípulos que apóiam todos os projetos promovidos pelo templo. Então, a Blia tem o propósito de promover os ensinamentos e as atividades com uma outra cara. Os monges promovem eventos mas com foco diferente. Se não houvesse alguém de fora para ajudar e orientar. O foco é esse: a gente dá a idéias, mas podemos mudar a cara de como apresentamos a idéia.

SS: Mas a Blia funciona aqui?
    Fisicamente sim, mas as pessoas têm suas vidas, trabalhos e às vezes se reúnem. E a Blia existe em todos os templos.

SS: A Blia é responsável pelos projetos sociais?
    Os projetos sociais são do templo. A Blia é assim: não é responsável por um ou outro, sendo que tudo é uma coisa só. Como toda a divulgação é mais focada no Templo Zu Lai, ele fica mais falado.

SS: Quais são os projetos sociais?
    Nós temos o grupo de escoteiros, uma equipe reconhecida pelo escostismo mundial. Outro projeto importante é Os Filhos de Buda, um projeto social que ajuda a população de favela. Ele foi tão bem desenvolvido, que de um projeto social virou um projeto educacional. Os beneficiados não são simplesmente mais recebedores de cestas básicas, mas sim de cursos, aulas intensas e diárias, para todas as famílias. Então, é um projeto que demanda bastante trabalho e está sendo reconhecido rapidamente. Começou com a Mestra Sinceridade e já foi até Taiwan ver o Venerável Mestre.
    O espaço,doado por um discípulo, foi construído no Km 21 da Raposo Tavares. Espaço grande com seis salas de aula maiores, duas menores, refeitório, cozinha, sala para atendimento dentário e esportes.

SS: E as aulas?
    São dadas pela equipe dos Filhos de Buda, entre eles voluntários e contratados. Dentre os voluntários estão psicólogos, sociólogos, equipe que lida com a parte administrativa e educacional.
    Cada criança custa aproximadamente R$80,00 por mês, incluindo aulas, merenda, transporte, uniforme. Divulgamos estes dados para as pessoas que freqüentam o templo para que os bem-feitores possam adotar estas crianças. Mas, na verdade, temos muito menos famílias adotivas e muito mais crianças e quem cobre as diferenças é templo.

SS: E a festa junina que vai ocorrer aqui no templo?
    A união cultural, folclórica, de tradições. Queremos nos unir a esta terra, nos enraizar neste espaço. Este é nosso intuito e é mais importante do que o lucro ou o prejuízo com a festa.

SS: E vocês tem em vista novos projetos?
    Por enquanto não temos muita coisa. Mas, se tivermos mais condições e pessoas, certamente. Tudo que for para falar do darma, para passar para as pessoas ensinamentos, recebemos de braços abertos, a gente faz com muito carinho e amor.
    Muitas vezes somos chamados para fazer palestras em escolas, eventos, atividades inter-religiosas. Isso era a proposta do mestre, que temos que pisar o pé fora do templo em vez de ficar procurando alguém vir aqui nos procurar. A gente tem que se oferecer, o que nós podemos oferecer às outras entidades?
    A gente gostaria de evitar que continuassem a ver o templo dessa maneira. As pessoas devem vir olhando o templo como um lugar religioso, de respeito. Agente pede para as pessoas virem com roupas condizentes, não trazer cachorro, respeitar a alimentação vegetariana. Aqui é um local sagrado para nós budistas. As pessoas não devem vir com bermudas curtas, decotes, barriga de fora. São coisas que a gente tenta chamar a atenção, mas é um pouco difícil. As pessoas acham que, pelo fato de a mídia divulgar que é um lugar de passeio, de turismo, podem vir de chinelo, para namorar.

SS: E, para fechar, o que você acha que uma pessoa que pouco conhece sobre o budismo, mas que tem vontade de vir ao templo para conhecer, o que você acha que ela vai levar de principal daqui?
    Na verdade, eu não sei o que cada pessoa irá levar daqui, mas eu acredito que primeiro deve levar daqui muita generosidade.
Este templo não saiu do nada, ele teve esforço de pessoas, mestres, bem-feitores, obreiros, arquitetos, engenheiros, peões. Cada pessoa que fez este templo e as pessoas que o mantém. Enxerga-los com uma visão generosa, que a pessoa está indo para um lugar bonito, limpo e não é por acaso.
    É algo que a gente tem que treinar bastante, estamos acostumados a só receber. Estamos sempre querendo pedir, o que fornece, o que tem lá [no templo] de bom? O que podemos levar pra lá? Porque não pensamos o contrário? É recíproco na verdade, nunca será só unilateral. Se você está levando é porque está deixando. Se você está deixando, é por que está levando.
    As pessoas devem cuidar de um ambiente público, jogar lixo no lixo. As pessoas que estão vindo para cá estão sendo exemplo para outras pessoas. Se você traz seu filho, você é um exemplo para ele de como cuidar de um ambiente, onde jogar o lixo ou deixar as sobras de comida no prato. Tudo isso é um exemplo. Um filho, uma criança vai saber valorizar [estas atitudes] se seu pai também fizer isso.
Cada passo deste templo tem algum aprendizado a levar. Se você quiser levar, porque você vai ter que deixar. O quê? A sua atenção. Se for passeio por passeio, isso é só um lugar bonito e acabou.

Para Saber Mais:

https://www.templozulai.org.br/

Dias e Horário de funcionamento:

O Templo Zu Lai está aberto para visitação de 3as às 6as feiras das 12h às 17h. Sábados, domingos e feriados das 9h30 às 17h, permanecendo fechado às 2as feiras. Entrada e estacionamento são gratuitos. Toda demostração de generosidade espontânea para manutenção do templo é bem-vinda.

Como chegar ao Templo Zu Lai de ônibus
São dois ônibus regulares diariamente e um ônibus gratuito, aos domingos  Duas linhas regulares passam relativamente próximo ao Templo.
É preciso descer no Km. 28,5 da Rodovia Raposo Tavares, e caminhar cerca de 1,5 quilômetro até o número 1461 da Estrada Municipal Fernando Nobre.

Ônibus: Barra Funda-Cotia
De onde sai: Estação Barra Funda do Metrô
Freqüência: 15 em 15 minutos
Último ônibus: 23h30 (SP-Cotia) e 22h10 (Cotia-SP)

Ônibus: Pinheiros-Cotia (Viação Danúbio Azul)
De onde sai: Largo de Pinheiros (em frente à igreja de Pinheiros, à rua Fernão Dias)
Freqüência: 20 em 20 minutos
Informações: (11) 4616-9663

Aos domingos, o Templo Zu Lai oferece um ônibus gratuito a partir da Estação Liberdade do metrô:

Ônibus gratuito: Metrô Liberdade -Templo Zu Lai
De onde sai: Estação Liberdade do metrô
Horário: 8h30
(o ônibus estará disponível a partir das 8h)

Ônibus gratuito: Templo Zu Lai - Metrô Liberdade
De onde sai: Templo Zu Lai
Horário: 15h30

OBS: O horário de saída do ônibus é pontual, independente da quantidade de passageiros.

Voltar