Tai Chi Chuan

Tai Chi Chuan

No Tai Chi nada termina e nada começa; é tudo uma continuidade.

Texto e Fotos: Wanise Martinez e Luciana Barrella

    O Tai Chi Chuan é uma arte que surgiu há cerca de três mil anos, na China. Composto pelas palavras tai (grande), chi (energia) e chuan (universo), Tai Chi Chuan significa “trabalhar a grande energia do universo”. Como suas posturas são baseadas em movimentos da natureza, essa prática lembra uma harmoniosa e interessante coreografia.

    Praticante dessa arte desde 1983, o instrutor José Douglas Lima conta que o Tai Chi favorece o equilíbrio orgânico, o emocional e o físico, além de desenvolver serenidade, passividade, consciência, atenção e concentração.
    “Essa arte”, diz José Douglas, “auxilia na transformação pessoal de cada um; ela pode ajudar desde acabar com o estresse até melhorar alguns problemas de saúde, como dores na coluna”. Por sinal, recentemente, o Tai Chi começou a ser utilizado em esportes de ponta como vôlei e tênis, para facilitar a concentração dos    atletas.
    José Douglas conta que qualquer pessoa pode praticar o Tai Chi, pois não existe contra-indicação. No entanto, é necessário que o praticante utilize roupas mais largas, de preferência camiseta e calça de moletom ou tactel, que poderão facilitar os movimentos, além de um tênis de sola reta (estilo Keds) ou sapatilha.
    Os exercícios podem ser feitos em qualquer lugar, desde que a pessoa se sinta à vontade. “No entanto, vale lembrar”, diz o instrutor, “que os benefícios do Tai Chi Chuan são muitos, porém só surgirão por completo depois de anos de prática”.

A seguir, ele ensina para os leitores da Sexto Sentido alguns passos simples dessa prática milenar.

 

 

 
Primeiro Passo

     É importante começar o dia com a seguinte fórmula: ao acordar, deve-se respirar profundamente, sentir e elevar o pensamento e, então, agradecer por mais um dia.
     Tente ficar no máximo 3 minutos sem fazer nada. Nem cruze os braços. Esse movimento é chamado de “o grande vazio” (Wu Wei). Por isso, é importante, nesse momento, procurar visualizar todo o peso do corpo superior descendo para o inferior, ou seja, trazer o que é leve para cima e deixar para baixo o pesado, sentindo a funcionalidade da sola dos pés. Esse movimento ativa a circulação dos rins e dos membros inferiores.
     Em seguida, vire da direita para a esquerda, de modo a fortalecer a musculatura (“movimento do elefante”). Isso vai ajudar a encontrar o equilíbrio. Logo depois, olhe para frente, recolha o queixo e deixe a cabeça alinhada. Então, comece a inspirar profundamente, inflando o abdome, o tórax e a traquéia. Enquanto você infla os pulmões, está massageando os órgãos internos e evitando a ansiedade. Para o chinês, se você respira profundamente, vive mais e melhor.

Postura de abraçar a árvore
        Relaxe o corpo, deixe os pés em paralelo e, em seguida, faça bem devagar o movimento de abraçar uma árvore, com os braços em torno dela. Vá soltando os braços lentamente até que as mãos cheguem ao umbigo, o tantien, que é considerado um reservatório de energia.
     A mulher deve colocar a mão direita em cima do umbigo, e depois a outra; enquanto o homem deve colocar a mão esquerda primeiro sobre o umbigo. Esse movimento faz com que a energia do universo (da postura) una-se à energia que a pessoa tem dentro dela mesma.

Para os iniciantes
     Logo depois da postura de abraçar a árvore, o praticante pode dar início a uma seqüência de exercícios que no Tai Chi são chamados de “formas”. Elas podem ser curtas, médias ou longas. A que apresentamos aqui é uma seqüência curta e de fácil aplicação. É só seguir os movimentos das fotos. E, logo abaixo, estão os benefícios que cada uma delas oferece ao corpo.

Abertura parcial
     Proporciona a busca pelo equilíbrio, pois faz a conexão entre o topo da cabeça e a nuca, coluna, cóccix e centro dos pés.

Movimento de contemplar os elementares da natureza
     Você visualiza o cheio e o vazio por meio do nascer e do anoitecer. Trabalha a articulação dos dedos, ombros, cotovelos e punhos, alongando os dedos e fortalecendo os tendões.

Acariciar a cauda do grande pássaro
     Fortalece a estrutura das costas, dorsal e lombar, ajudando o quadril e expandindo a região do baixo-ventre. Propicia também o despertar da atenção e da concentração.

Chicote simples
     Desenvolve a força da nuca, do pescoço e dos braços. Equilibra a conexão do topo da cabeça com o cóccix e fortalece o sistema nervoso.

Plantar a flor de lótus
     Fortalece o sistema cardiovascular, trabalhando a região dorsal e estimulando o equilíbrio e a força da perna direita.

A garça branca estende a asa

     Amplia o intervalo entre as vértebras, fortalecendo a musculatura do quadril e do baixo-ventre. Também estimula o sistema nervoso.

Acariciar as nuvens
     Melhora o equilíbrio, desperta a consciência por meio do giro da cintura e auxilia na coordenação dos membros superiores e inferiores.

Patada do cavalo
     Proporciona amplitude das articulações dos ombros, braços e punhos, fortalecendo os quadris e aumentando a força dos pulmões e do sistema respiratório e vascular.

Projetar o corpo socando à frente
    Fortalece o sistema cardiovascular, melhorando os membros inferiores e superiores, além do sistema respiratório.

Fechamento aparente da forma
     Conecta toda a energia dos movimentos dessa seqüência numa introspecção que leva o praticante a despertar a consciência e o equilíbrio.


Contato

José Douglas Lima
Tel. 9362-5150 (Cel.)
Ministra aulas gratuitas todos os domingos no Museu do Ipiranga (SP), sempre em frente ao Jardim Francês. O horário é das 8 às 9h.